segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Transformers – O Lado Oculto da Lua

Transformers - O Lado Oculto da Lua (Transformers III - The Dark of the Moon) EUA, 11.
Direção de  Michael Bay. Com Shia LaBeouf, Josh Duhamel, Frances McDormand, Tyrese Gibson, John Malkovich, John Turturro, Patrick Dempsey, Rosie Huntington-Whiteley, Kevin Dunn, Julie White, Ken Jeong, Buzz Aldrin. Paramount.
Excessivo, longo, interminável, este terceiro capítulo de Transformers consegue ser ainda mais cansativo e irritante do que o segundo (que hoje todo mundo admite, até mesmo o diretor, que não deu muito certo, sua justificativa: o filme foi feito às pressas, principalmente o roteiro, por causa de uma greve de roteiristas, quero só ver que desculpa vão arranjar para este?)
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Continua a ser uma orgia da destruição, mas não aprenderam que mais e maior não quer dizer melhor. Há exagero em tudo, em batalhas, em violência (desta vez, arrasam a bela Chicago e se dão ao luxo de detonar seres humanos que se esfarelam no ar!) e principalmente em efeitos especiais.
Não sei quanto foi o orçamento, mas certamente supera os US$ 200 milhões, diante das imagens delirantes de heavy metal, robôs das mais diferentes origens (e os mais famosos deles ganhando um upgrade em seu visual passando para modelos mais novos).
É incrível o que se consegue fazer hoje com efeitos digitais, são no mínimo espetaculares. Tanta coisa maravilhosa que se pode criar com eles que chega um momento em que fica difícil suportar mais um ataque, mais uma revanche, mais uma briga entre robôs do bem e do mal (mais do que nunca desta vez é um confronto entre eles, uns aliados dos humanos, outros inimigos que desejam dominar a terra).
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O primeiro erro grave do filme é custar a começar com pelo menos dois prólogos, um voltando a 1962, quando o homem pisa pela primeira vez na lua (há engenhosos efeitos dando vida inclusive ao presidente Kennedy) e nos fazendo crer que já naquela altura os astronautas trouxeram provas de vidas em outros planetas , no caso específico o habitado por seres mecânicos (para dar suporte a isso o filme traz também uma participação especial de um astronauta sobrevivente, Buzz Aldrin).
O fato é que a história fica paralela: o governo que é agora aliado dos robôs, a investigação que envolve os soviéticos (já que os russos teriam usado Chernobyl para experiências também com material trazido da lua) e o que mais interessa a gente, que é a nova vida do herói Sam Witwicky (Shia), que depois de formado (o governo pagou escola cara) não consegue emprego por causa da crise (e uma foto ganhando medalha de Obama atrapalha mais do que ajuda).
Mudou de namorado porque todo mundo sabe que o que sucedeu com a anterior (a morena bela e canastrona Megan Fox foi despedida porque chamou o diretor de Hitler!). Em seu lugar conseguiu Deus sabe como uma modelo loira que tem lábios de Angelina Jolie (piorados) e consegue ser ainda pior atriz que Megan, só que com sotaque inglês (esta é sua estreia como atriz!).
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Outra coisa errada: O Dark of the Moon do título original não é o lado que fica oculto para nós, mas a fase da lua, aproximadamente três dias, quando seu reflexo fica obscurecido, isto é não podemos vê-la na chamada lua nova do ciclo lunar! Simbolicamente significa um tempo de contemplação e calma (ao contrário do que mostra o filme) e um novo começo.
Fora o excesso de personagens e tramas, o problema é que os roteiristas quiseram aumentar a quantidade de alívio cômico (ou seja, personagens que deveriam provocar riso nos intervalos das cenas de ação). Mas Bray tem a mão pesada e não sabe intercalar essas aparições, que em geral não funcionam: começando pela duplinha de transformers mirins que vivem com Sam (nenhuma piadinha ou sacada deles tem qualquer graça), passando pela infeliz nova aparição do tresloucado chinês Ken Jeong (aquele chato de Se Beber Não Case I e II), chegando a John Malkovich (sempre um prazer revê-lo, mas o papel fica pequeno e abaixo do que teria para oferecer) e até um holandês louco (Alan Tudyk, como Dutch).
trans2 <i>Transformers   O Lado Oculto da Lua</i>Temos ainda o retorno de John Turturro (como Simmons) e a excelente e desperdiçada Frances McDormand (que como a chefe dos representantes do governo faz o que pode passando de vilã para a comédia, sem fazer muito sentido). Enquanto Josh Duhamel continua fazendo figuração de luxo, Patrick Dempsey ganha o papel do inveterado vilão que faz tudo para dar algum sentido.
Não quero dar a impressão de que tudo é desastroso porque mesmo em meio a história difícil de seguir, os robôs difíceis de identificar e o delírio de destruição, há pelo menos uma sequência espetacular que é quando o edifício todo de vidro está sendo destruído e os personagens dentro dele vão escorregando e caindo.
Tudo extremamente bem feito. O dinheiro gasto está na tela, sem dúvida. Porém, aquele gosto amargo na boca da gente em ver tanto desperdício de grana num  filme tão descartável.

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